Dan (Serpente) para nós, pertencentes a nação Jeje Mahi, é
considerado o maior Vodun dentro do culto. A família de Dan é
composta por muitos Voduns, todos eles com sua importância para os povos Fon.
Dizem os mais antigos que, existem 3 reis e patronos da nação Jeje Mahi: Dàn
Gbé Seén (Bessém), Sògbò e Azansú. Assim como Oxóssi tem sua importância para o
Ketu, e Kitembo tem sua importância para Angola, esses três reis seriam a
grande potência da nação, sendo reverenciados e cultuados por todos os filhos,
independentes de seus voduns. Dentre esses três reis, se destaca Bessém por ser
um dos primeiros deuses a existir e dele tudo nascer. Bessém é a serpente da
vida, aquela cujo morder a própria cauda deu origem ao movimento de rotação e
translação da terra e a partir daí, sendo possível a existência de vida no
planeta. Os patriarcas da família de Dan é o casal Áídò Wèdò e Dàn gbállà. Àídò
Wèdò seria a serpente arco-íris e Dàn gbállà seria seu reflexo nas águas. Logo
Dan seria a origem de tudo no planeta, sendo um dos responsáveis por sua
existência e por sua habitação. Dentro da nação Jeje, Dan é o maior vodun, e a
serpente, seu maior símbolo, sendo a representação viva de seu poder. A
serpente representa o movimento e o dinamismo, uma vez que consegue se
locomover com extrema facilidade e habilidade sem ser provida de patas ou
outros membros; representa também a transformação, a evolução e a metamorfose,
uma vez que troca de pele e se renova com frequência para poder crescer e se
expandir; além de ser uma hábil caçadora e algumas espécies serem detentoras de
poderosos venenos, mostrando seu poder e ao mesmo tempo exigindo cautela e
respeito por parte dos demais animais e até mesmo nós seres humanos. Dan não é
só representado pela serpente mas também pelo arco-íris que da mesma forma,
possui grande significado para os dahomeanos uma vez que, sua presença nos céus
é presságio de que não irá mais chover além de encantar pela sua beleza. No
antigo Dahomey, são inúmeras as lendas que mistificam a natureza dessa
divindade, sempre enaltecendo sua grandeza, sua realeza e seu poder. Muitos são
os voduns que compõe a família Dan, sendo Bessém (também chamado de Bafono) o
mais conhecido e louvado, sendo seu nome sinônimo da própria Dan. Destacam-se
também Frekwén ou Kwénkwén, Ojikún ou Dan Jikún, Bossá ou Bossalabê e seu irmão
gêmeo Bosukó, Dan Ikó ou Dankó, Azannadô ou Azoannadô, dentre outros, cada um
com sua particularidade e mitos. Na iniciação de um vodun Dan o sacerdote tem
todo cuidado para inciar o vodun em sua fase humana pois, sua fase serpente é
muito perigosa e incapaz de entender os sentimentos, sendo apenas invocada em
rituais e determinados atos. A grande festividade para esse vodun é o Gboitá,
ritual realizado no início do ano e que envolve todos os demais voduns, cada um
recebendo as oferendas cabíveis e sacrifícios em seus Atisás (árvores sagradas
com assentos). Após o Zandró, todos os voduns são invocados e já saem vestidos
no arrebate, não existindo roda para invocá-los na sala. Seu presente, o gbòitá
é carregado por Ogun e depois posto aos seus pés, iniciando assim o ano e
agradecendo pela vida e por todo seu poder. O àndè (poço) é seu principal
símbolo e é indispensável dentro de uma casa de Jeje. O poço simboliza a
abundância (uma vez que enquanto tiver poço, se tem água e nunca faltará), além
de representar um portal, entre o mundo subterrâneo e o nosso mundo, extraindo
água do interior da terra, unindo de certa forma, ambos os elementos. Dan
simboliza a riqueza, a prosperidade e a abundância. Une o macho e a fêmea,
sendo sempre cultuado em casal e recebendo como sacrifícios animais de ambos os
sexos. Dizem os mais antigos que serpente nunca anda só, onde uma está a outra
está por perto, a espreita. Para os iorubás Dan é chamado de Òsúmárè, deixando
de exercer função de rei para ser súdito de Xangô (divindade do fogo e
trovões). Segundo os mitos iorubás, Oxumaré leva água para o castelo de Xangô,
no alto das nuvens, representando a devolução, trazendo água da terra para o
céu e vice-versa. Essa transformação de Rei para súdito se dá pelo fato de
conflitos entre povos Dahomeanos e povos iorubás, onde ambos sempre tentavam
invadir suas cidades e escravizar seus habitantes. O fato é que Dahomey e
demais povos iorubás sempre guerrearam, gerando uma aglutinação de
cultos e distorção de fatos. Dan é o grande Deus da transformação, senhor
da vidência juntamente com Ifá (vodun similar ao orixá Òrúnmíllá dos povos
iorubás) englobando tudo o que se diz respeito ao presente, passado e futuro.
Representa a sorte, a versatilidade e o conhecimento, sendo a divindade do
raciocínio e da expansão. Tem como colares o brájá (feito de búzios devidamente
encaixados lembrando escamas de serpente, representando a realeza e a riqueza)
e o húnjèvè, sendo este dado apenas aqueles cujo processo de iniciação está
completo, com suas obrigações pagas, representando a maior idade e sendo o
único colar que vai com o neófito mesmo após sua morte, como se fosse uma
espécie de “senha” para ser recebido no mundo dos Voduns. Seu simbolo é o
Draká, seta adornada com duas serpentes mas, não é errado vermos alguns voduns
Dàn com outras insígnias em suas mãos tais como Adaga, òfá, garras, ágbégbé.
variando conforme conhecimento do sacerdote e caminhos do Vodun. Sua vestimenta
varia conforme vodun, mas sua cor preferida é o branco, por simbolizar a união
de todas as cores.
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